Quanto se luta pela vida atualmente? - Parte 1
Ao ver todos os dias tragédias ocorrerem ao redor do mundo e uma estranha sensação de acomodação popular, um cotidiano violento e de pouca perspectiva para o povo, (principalmente para o jovem) em um outro dia me veio à mente um questionamento: será que o direito a vida está sendo priorizado pela sociedade? É possível calcular o quanto o ser humano se preocupa com o seu semelhante? Como essa preocupação de expressa? Ao analisar eventos recentes pude concluir que estamos caminhando na direção errada.
As discussões em torno da vida ganham contornos superficiais e no fim as tragédias que vemos todos os dias, caem rapidamente no esquecimento após a exploração midiática do 'espetáculo'. As discussões acerca da morte do torcedor do San José, sequer passaram perto da questão da valorização da vida. O questionamento à punição dada aos clubes foi muito mais debatido na imprensa que as consequências do ocorrido para a família do menino. A comoção frente a tragédia na boate Kiss em Santa Maria infelizmente parece não ter gerado manifestações populares capazes de modificar o panorama da questão de prevenção e segurança pública no Brasil.
Os casos de violência expostos diariamente nos programas policiais não geram mais do que comoção momentânea. Sim, tornou-se comum assistir a morte pela tv, e não se comover. É como se isso fosse necessário, se preparar para um cotidiano de mortes, ao invés de lutar por um cotidiano de vida. Atitudes de valorização à vida parecem não receber o devido valor pelos grandes veículos de comunicação. Não é preciso atentar para os quadros televisivos que 'ajudam' pessoas, buscando na verdade momentos de exploração da miséria alheia. Enquanto causas que merecem atenção (e não exploração) são deixadas de lado.
Num outro dia, assisti a um vídeo no Youtube, onde um MC disse que atribuía o sucesso do seu gênero musical (o funk 'ostentação') em parte pelo fato de que o povo estar 'de saco cheio' de músicas de protesto... De saco cheio de lutar? Protestar pela vida? Então o que o povo quer? O pior, e é o que me causa apreensão, é que essa parece ser a verdade. Não que o povo tenha se cansado de lutar, reivindicar. O medo vem do fato de que talvez a luta pela vida não tenha forças frente a um cotidiano catastrófico.
Por Bruno Oliveira
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