A representatividade do professorado em tempos de precarização do ensino público.

Complicado tentar entender a atitude de alguns órgãos representantes do professorado em tempos de total descaso com o ensino público brasileiro. A descrença dos educadores para com as políticas educacionais e com promessas feitas por governantes, repete-se também com os sindicatos representantes do magistério. Não existe o apoio a essas entidades pelo sentimento de que muitas destas apenas reproduzem o comportamento dos dirigentes: existem promessas de luta, de união em favor da categoria, mas em meio aos debates o que se vê é o abandono ao professor.

É o que se observa no caso da greve do magistério paulista. Mal organizada, não conseguiu angariar braços para a luta, reduzindo desta forma, o poder de barganha da categoria. O movimento tem início, mas não força para seguir em frente. Quadro este, que se explica através da própria atitude do sindicato para com o professor. Basta analisar o percurso da atual greve. A entidade, que tanto criticou o autoritarismo do governo estadual do PSDB, agiu de forma semelhante ao extinguir a paralisação sem o aval dos professores que representa, daí todo o tumulto ocorrido na avenida Paulista no último dia 10. Incrivelmente, todas as aguerridas propostas de luta converteram-se, em menos de uma semana, em um discurso de conciliação com a administração estadual, e consequente fim de greve. Como desculpa, a baixa adesão ao movimento (vai saber o por que... a gente colhe o que planta).

Em cinco anos de rede estadual nunca tive a oportunidade de encontrar apenas um representante de qualquer sindicato. A partir daí é possível imaginar como é o trabalho de busca pela conscientização do professorado. Não que as próprias condições de trabalho já não sejam suficientes para a mobilização mas, devemos ter em mente que, as condições de trabalho que geram revolta nos educadores (e possível questionamento) são as mesmas que geram o atual quadro de total apatia entre os colegas.

Talvez o único norte que o professor tenha para seguir na luta seja o sindicato, já que é a agremiação que deveria agrupar as ideias e anseios da classe. E o que pensa esse professor quando são tomadas atitudes de abandono? Imagine a situação: um sistema que não funciona, um sindicato que não representa, professores vivendo no caos (e em situação de total descrédito com a sociedade), a mídia batendo (além da polícia), e governantes que fingem se preocupar com a situação, já que 'negociam' com a classe, mas que na verdade devem morrer de rir da realidade da escola pública. Afinal, os filhos deles ali não colocam os pés.

Bruno Oliveira

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