Centrais sindicais nas ruas: Empurrar as manifestações para a esquerda? E o pessoal apartidário, vai aparecer?

Após cerca de um mês de manifestações populares em todo o Brasil as principais centrais sindicais do país convocam seus associados para ir às ruas e colocar/ recolocar na avenida as pautas históricas dos trabalhadores. Talvez mais que uma oportunidade de realizar reivindicações é a hora de mostrar ao povo que o ponto de vista dos manifestantes de junho quanto às centrais e os partidos de esquerda são errôneos.

Estes, os 'manifestantes de junho', negam até o fim em seus movimentos a participação de associações ligadas à esquerda, o que ficou constatado quando bandeiras foram queimadas durante uma manifestação na  Avenida Paulista, ou quando militantes de esquerda foram reprimidos pelos próprios manifestantes simplesmente pelo fato de estarem ali. E aí você replica: mas as manifestações eram contra todos os partidos, se uma bandeira do PSDB ou do DEM fosse levantada também haveria represálias. Ok, mas por que essas bandeiras não estavam lá, se o movimento era de todos? Por que não tentar por o bloco na rua como as organizações de esquerda? Não era necessário. As manifestações já eram deles. E a bandeira era agitada em cada 'fora Dilma', em cada 'não queremos médicos cubanos', em xingamentos a quem recebe o bolsa família e por aí vai.

Então voltamos ao dia de hoje. Já que os 'sem-bandeira' que na verdade tinham bandeira já foram às ruas, agora é a hora dos 'com-bandeira' colocarem suas pautas nas ruas. Sair às ruas e mostrar as pautas dos trabalhadores (e é bom deixar claro: associações tem pauta). Porém não é o momento de se perder mais ainda o rumo. A mídia está à espreita, pronta para fazer o jogo virar a seu favor como sempre, e não se sabe até onde as centrais estão unidas. A prova é a discordância em se trazer o plebiscito da reforma política para a pauta, e o 'fora Dilma' prometido por Paulinho no caso de o PT 'pegar onda' no movimento. Pode-se empurrar o movimento para a esquerda ou agravar o cenário de crise havendo rompimento total das centrais com o governo pancada midiática e aí... É aguardar.


Quem vai?

O fato é que dificilmente veremos a 'massa revoltada com tudo', do mês passado, apoiando o movimento das centrais sindicais logo mais, centrais estas que tem uma longa história de luta. E justamente no momento em que a coisa ganha pinta de povão, trabalhador. Mas para esse pessoal erguer bandeira não é legal. Aliás, não dá para esse pessoal apoiar causas do povão. Só lembrar que durante as manifestações recentes, as que saíram da periferia tiveram pouquíssima repercussão, e que as tradicionais lutas e movimentos da periferia são simplesmente esquecidos pela grande mídia. Já o trabalhador, esse sim precisa estar atento, e identificar onde realmente estão seus companheiros de luta, contra quem estão lutando e de que forma: se realmente pelo trabalhador, ou se fazendo o jogo da elites.

Bruno Oliveira

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