E vamos perdendo o jogo: A tarefa de ensinar, o sistema opressor, a juventude alienada, a vida loka. Todo dia é 11 de setembro. Todo dia um atentado.

Bruno Oliveira

Não é fácil. Quando você pensa que pode fazer alguma coisa, o sistema te lembra que o jogo é muito mais complicado. Eu corro. Tento um passe refinado. Mas a zaga do sistema está muito bem armada.

Eles tem que saber. É importante. Para mim, para eles, para o futuro da sociedade, provavelmente para a perpetuação do sistema. Jogaram aviões em dois prédios. Bombardearam um palácio de governo, popular. Eles tem que saber. Eu tenho que dizer.

Mas há um outro problema. O sistema usa eles para me minar, quebrar o meu jogo. Catorze, quinze anos. Outro rolê. Pegar uma mina, ouvir um som, sei lá... Fumar um barato se pá... dane-se o Allende, o Bush, o Bin Laden.

Eles não vão saber. Não querem. Ou foram levados a não querer. Talvez não precisem saber. Sofrem um atentado por dia. Uma vida sem perspectiva. Uma escola que não transforma. Eles não sabem, mas sentem. Pra bater em mim, o sistema bate neles primeiro.

Eles vão morrendo um pouco por dia a cada pancada da vida. Atentado a conta-gotas. E lá vem mais paulada. O sistema entra. Mostra força, quer saber. Nessa, a minha jogada de efeito já foi pro espaço. Procura em tudo. Quer achar. Não acha nada. Não dá nada. Mas o atentado está feito. E eu nem precisei explicar.

Agora eles já sabem. Sentiram na pele o bombardeio do sistema contra a vontade popular há 40 anos, e conhecem, sentem o desejo de vingança, como a de 2001. E vamos perdendo o jogo. Que eles não pratiquem a vingança.

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