Em São Paulo, os professores de 65 aulas - Parte 1
O que o sistema pensa ao tomar decisões referentes ao magistério
Bruno Oliveira
Como entender? Parece ser óbvio que a transformação do setor educacional passa pela valorização do magistério. Mas fica cada vez mais claro que os governantes não entendem o que significa essa expressão.
"Valorização do magistério". É tão difícil compreender?
Há uma pressão por parte de professores e associações ligadas à educação em torno da aplicação da lei do piso do magistério (Veja a lei aqui), que entre outros pontos, sugere uma redução do tempo que o professor permanece em sala de aula, devido a outras atribuições do cargo, como correções e principalmente planejamento de aulas.
Eis que em meio às discussões, o governo do Estado de São Paulo tem a genial ideia de permitir aos professores efetivos e estáveis, que ampliem sua jornada de trabalho para até 65 horas semanais. E aí eu pergunto novamente: É difícil entender o significado da expressão "Valorização do magistério"?
O governo lê os anseios da população ou de determinados grupos a partir de uma lógica que não consigo entender. Aliás, acho que consigo sim. Em especial, no que diz respeito a pauta dos profissionais da educação. Penso ser muito interessante até, de forma que os sindicatos são ouvidos, reivindicações são postas, tudo muito bem explicado. O governo simplesmente faz o contrário do que é reivindicado, como é possível notar no caso da gestão paulista.
Pede-se aumento, não existe aumento (aumento real pífio). Pede-se melhores condições de trabalho, o pau quebra nas escolas, que lembram as do início do século XX. Pede-se redução da jornada em sala, o governo te dá a opção de dobrar o tempo de trabalho.
"Faço tudo ao contrário do que eles pedem, desestabilizo a classe, exploro mais ainda sua mão-de-obra, depois faço um discurso dando-lhes esperança e ficará tudo bem".
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