Em São Paulo, os professores de 65 aulas - Parte 2
Precarização e exploração de mão-de-obra no setor educacional
Bruno Oliveira
Toda uma política contrária à valorização
do magistério, adotada não somente em São Paulo, gerou a atual conjuntura do
setor educacional. Cada vez mais profissionais se afastam da educação, e
principalmente do setor público.
No caso da rede estadual paulista, cerca
de 3 mil professores efetivos pedem exoneração anualmente. Estima-se que neste
ano o déficit de professores na rede alcançava a casa dos 49 mil.
Entendendo que o número de professores é
insuficiente, e que as condições de trabalho são ruins, fica difícil aliar a
política de aumento de horas em sala à questão da qualidade de ensino. Dobrando
o tempo em sala de aula, o cansaço físico e psicológico que o cotidiano de sala
de aula traz proporcionará uma acentuada queda na qualidade do trabalho do
professor.
Presume-se que a estratégia do governo
visa eliminar o déficit de profissionais em sala de aula, mas o método é
reprovável, já que visa transformar um profissional em dois. Se o número de
profissionais em licença, alto número de faltas, ou que optam pela exoneração é
alto hoje, é provável que essas situações se tornem bem mais comuns após a
adoção das novas medidas. Além disso, menor será o tempo para o professor se planejar e especializar.
É certo que o profissional não é obrigado a
aumentar sua jornada de trabalho, aderindo ao novo sistema da Secretaria de
Educação. Porém, a necessidade de sobrevivência e a desvalorização do
magistério já faz com que muitos professores acumulem funções no setor público
e privado. O que manda é a necessidade. E o que vemos é que o Estado legitima a
exploração cada vez maior do trabalho do professor, numa tendência que favorece
a precarização do ensino, e a proletarização do magistério.
Por ano, 3 mil professores desistem de dar aula nas escolas estaduais de SP - Estadão
Estado de São Paulo tem déficit de 49 mil professores na rede pública - Radioagência NP
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