Sobre as grades de ferro
É a visão de dentro para fora. visão através das grades, visão de longo alcance. Talvez ali não se enxergasse mais que a Avenida Cruzeiro do Sul, o metrô. Mas com certeza a imaginação ia longe. Muitos estavam ali pela família. Outros sonharam demais, se viram super-heróis, mas não é assim.
Ali, no inferno, provavelmente muitos enxergaram como a coisa funciona. E muitos que tentaram retornar, dizer NÃO ao crime, viram o quão difícil isso é também. Reintegração, socialização? Conversa fiada. Só de ver imagens já dá arrepio. Imagine viver tudo aquilo. O cheiro de morte, de degradação. Uma falácia de que você sairia dali melhor. Como? Se te jogam num lugar que só ensina a ser ruim?
Ainda assim, algumas pessoas retira boas lições ou aprendizados das piores situações. E é aí que vemos a música, a literatura, o Rap, o esporte. Contra tudo e contra todos.
Mas a probabilidade de vitória ali é pequena. Muito pequena. Por isso é que a periferia, o povo pobre do campo que são iludidos com todas as luzes e brilhos do capitalismo precisam de novas estratégias. Não dá para combater um sistema que se aprimora a cada hora utilizando táticas de antigamente. O crime apenas leva à estatística. À cela trancada, a vista quadriculada, ou à ausência de visão, de respiração, de vida.
Bruno Oliveira
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