A alienação armada até os dentes: Na grande Aracaju, mais um professor baleado.

O que leva o ser humano a condições extremas? O que o leva a tirar a vida de outro ser humano, ou tentar fazê-lo? E Quando isso se dá em uma escola? É muito complicado, é difícil entender como situações de morte podem chegar ao ambiente escolar. Mas foi o que aconteceu em São Cristóvão, região da grande Aracaju (Veja aqui). Um aluno, aparentemente insatisfeito com a sua nota, realizou disparos contra seu professor.

Não é a primeira vez, e infelizmente pelo que se vê, não será a última que a sociedade receberá notícias, como a que li, dando conta do atentado à uma vida dentro da escola. É o resultado de uma sociedade que faz com que o povo pobre viva uma situação de barbárie, de extremos, de falta de amor à vida, ao próximo. E ao falar de povo pobre, não se fala apenas daqueles que vivem em condições muito ruins. Falamos também da dita nova classe média.

Na verdade deve-se incluir nesse bolo todo aquele que tem acesso ao consumo, mas que não tem acesso a uma boa educação. Que consegue comprar, mas não tem acesso a cultura. Que não tem noção do quão importante é a vida, e do tamanho erro que é tentar tirar ou tirar a vida de um semelhante.

E essa situação está aí por que os ambientes de vida dos quais o homem participa são campos de produção de alienação. Principalmente a escola, e por consequência a família, o grupo religioso.

E porque a escola?

A escola é uma instituição ambígua. E ambíguos são os olhares sobre ela. Enquanto alguns dizem que esta é o local da transformação, outros afirmam ser a escola o lugar onde a ideologia dominante se espalha, confirmando a existência do sistema. Independente do método de análise, é fato que o que vemos hoje é uma escola que transforma o ser humano, não necessariamente num ser melhor.

Observamos a criação de um estado de coisas, através da educação, onde um indivíduo (que frequentou a escola) alienado terá seu filho alienado, e seu neto alienado, e assim por diante. Mesmo a ascensão social, o poder de compra, não significam um aumento do nível cultural, já que o modelo pregado não tem na cultura e na cooperação o seu principal eixo. E aí é interessante observar tudo o que se articula para, junto com a escola, manter o sucesso do sistema.

Mas estrutura a parte, no dia a dia, a alienação é também barbárie. Então as tragédias acontecem. Mal formado, o ser humano destrói seu dia-a-dia, acaba, ou tenta acabar com a vida de seu próximo, porque o que ele aprendeu foi nada mais que viver a futilidade, de forma que a vida, sua e do outro se torna nada.

O ato de acabar com vidas, começa no varejo, e chega à escola. O jovem pode tentar matar por um tênis, por droga, ou por uma nota baixa. O grande problema é que quem formulou todo o caos, não vai tomar tiro dentro da escola. Infelizmente neste caso, quem está na linha de frente, é o professor.

Bruno Oliveira

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