2019: A morte de um modelo, a consolidação da nova ordem, a necessidade de se reinventar.

O ano de 2018 foi trágico do ponto de vista social. Tenha sido talvez o ano que marca o fim do modelo do Estado Social, o fim do patriotismo (ao contrário do que muitos veem aqui no Brasil), e a consolidação da nova ordem, talvez a real vitória do capital como ordem econômico-social.

Tudo como é de se esperar do capital, mas ver isso na prática é de doer os ossos. Na passagem de 2018 para 2019 não deveríamos ver cenas de extrema pobreza, dignas dos anos 1970, espalhando-se pelas grandes cidades. Não deveríamos assistir ao fim da empregabilidade, a morte do modelo de se preparar para o mercado de trabalho. Não deveríamos assistir o fim da própria ideia de emprego.

A ideia de um novo estágio de produção onde cada vez menos se precise da mão de obra humana (4ª revolução industrial) versus a incapacidade de a sociedade reinventar o modelo de sobrevivência, pode levar a um colapso social, pelo acentuamento do desemprego, e da fome. E vamos sendo preparados para isso, segundo o presidente eleito: ou direitos, ou emprego. E logo mais, sem direitos e sem emprego. 

A indústria de entretenimento cria os novos ricos. Gente que veio de baixo e que com seus milhões de views no youtube seguem dizendo ao resto do povo que só no trabalho árduo através do empreendedorismo é que se chega ao sucesso. Esqueça o emprego, vamos à livre e privada iniciativa. Como se os que projetam o fim do emprego estivessem preocupados com o negócio que você vai montar no fundo do seu quintal. Como se os grandes grupos empresariais não tivessem acabado com o negócio familiar, seja qual for o ramo. Como se o comércio via rede já não quebrasse inclusive shoppings nos EUA.

Mas aqui no Brasil, esse grande laboratório,  talvez vejamos algo diferente no futuro: a quebra geral, do grande varejista ao pequeno comerciante. Os que não estiverem enquadrados no modelo 4.0 não resistirão.



Mesmo prognósticos ruins para a economia não levam a uma reflexão de massa sobre o consumismo e a questão de tudo como produto. E o pior: os chamados setores progressistas tem uma enorme dificuldade para se apropriar das ferramentas de mídia (vitrines) para expor o contrário à onda neoliberal que vem por aí - essa sim muito bem estruturada midiaticamente.

A onda de direita que vivemos hoje,  é fruto de um trabalho de formiguinha realizado na mente das populações, que chegaram a conhecer o consumo, mas não a consciência de classe. Tudo através de conteúdo tosco e mentiroso disseminado via redes sociais, mas que não encontrou um contraditório. Ninguém para desmentir o que se dizia. E quando vimos já era tarde. A inserção num capitalismo através da classe C, culminou num quadro de desinformação geral - pressuposto básico para o triunfo do capital - e que se virou inclusive contra aqueles que colocaram o povo na classe C. A ponto de o próprio povo defender bizarrices como a mexida na CLT, ou a reforma e destruição da previdência.

Mas não há que se culpar o povo tendo em vista a manipulação do sistema, que os fez pensar como patrões, e a querer a si próprio na fogueira. 

Temos sim que refletir na mesmice da abordagem progressista. Não apenas os partidos e organizações, mas as pessoas. Temos que pensar até onde os braços daqueles que nos dizemos progressistas estão chegando, e como. Refletir as abordagens, a coragem, o ímpeto, a candura, o marketing, a linguagem empregada. Fomos diferentes a ponto de criar no outro a vontade de ser diferente também? Demonstramos o renovo que queremos ver na sociedade?

Precisamos de mais. De ocupar o espaço que hoje é da desinformação. Usar das ferramentas de mídia, falar para o povo, falar fácil, de forma que o povo entenda e busque o conhecimento, e assim não pereça.

Precisamos nos reinventar. Modernizar. Desburocratizar. Fazer a leitura do que vem pela frente, que é novo, e também organizar uma nova forma de lidar, contestar, desmontar, através da informação. Só assim não terminaremos engolidos. E poderemos pensar em um bom ano.
Bruno Oliveira - Professor e blogueiro iniciante. Licenciado em História pela Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN. Especialista em História, sociedade e cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP. Licenciado em Pedagogia pela Universidade Cidade de São Paulo - UNICID. Criador do Pensando bem.

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